Mendigos

Encostados em um canto qualquer

De um beco imundo

Junto de tantos como eu

Do meu lado, o melhor amigo do homem, meu melhor companheiro.

Milhares como eu estão espalhados pelo mundo a fora

Tomando seus rumos, com uma única certeza...

É chegada a minha hora

E lá estou eu com meu olhar tristonho

Milhares de pessoas passam por nós

Associando – se com idéias que somos marginais

E o que me deixa mais frustrado

É saber de assassinatos de alguém como eu

Vou andando sem rumo, sem direção

Juntando cada peça do quebra – cabeça

Para tentar encontrar a solução

De como mudar minha condição

Remexo no lixo para meu sustento

Alimentando-me de restos

Juntando materiais recicláveis

Para ganhar um troco a mais

Milhares iguais a mim, ou até pior

Estão vagando por ai

E o mais insignificante de tudo

É que crianças também fazem parte desse mundo

Crianças que deveriam estar na escola

Estão pedindo dinheiro em semáforos

E que deixam de brincar

Para o sustento da família ganhar

Pessoas bem vestidas passam por mim

Olhando – me com desprezo

Muitas vezes nos associando como bandidos

Quanta insignificância e desvalorização

Pessoas que associam suas idéias junto a nós

Como se fossemos fracassados, alcoolizados

Sendo nós analfabetos ou não, com inaptidão

Pensando assim que somos o lado negativo

Que tristeza a minha

Aqui estou novamente noite e dia

Sentado ao lado do meu melhor amigo na calçada

Olhando minhas roupas esburacadas

Minha vida é assim

Seja ela feliz ou não

Sou mendigo e tenho coração

Acreditando num futuro melhor para a nação