IPÊ AMARELO
Flores de ipê amarelo
guardadas na agenda
deitadas entre linhas e letras: elo
cheirinho de fazenda.
Flores translúcidas
mostram caminhos desconhecidos
hipnotizam as íris lúcidas
Aconchegadas entre laços e traços
A saudade aveludada bate forte
No coração vermelho amanteigado
Remoído pelo tempo sem suporte
lamento, lento, alucinado
A noite escuro breu num céu sem lua
Embebida em vinho tinto ou vinho branco
Abraça a tristeza nua e crua
Ensandecida pelo frio, arrepio e pranto
Misturam-se, então, pão, corpo e canto
Em movimentos circulares galopantes
Alimentos, flores, cores, limpo manto
Rosa e cravo frenéticos amantes