O LOUCO

Em busca de aventura e glória

Partiu iludido o cavaleiro

Tentando escrever sua história

Percorreu o mundo inteiro

Nomeou como escudeiro

Um camponês ignorante

Tomou como verdadeiro

O trote mais delirante

Transformou rosas em quimeras

Mesmo quando havia espinhos

E sonhava combater feras

Onde só se viam moinhos

“Cavaleiro da triste figura”

O que buscas de verdade,

Tirar de si a amargura,

Ou do mundo a maldade?

Tentando mudar o mundo

não percebia o forasteiro

Que era só um vagabundo

Mudando a si próprio primeiro

Se venceu os seus gigantes?

Depende de como se vê

Não deixou claro Cervantes

Diga-me agora você:

Quão loucos devemos ser

para não perder a esperança

Do homem que ao combater

Não deixa de ser criança?

Quão loucos devemos ser

Para manter o amor

Do homem que ao combater

Tira do outro a dor?

Se eu pudesse, perguntaria

ao mais célebre cavaleiro

se foi de alguma valia

querer mudar o mundo inteiro,

Se vale sozinho querer

Dar conta da plantação

Semear, plantar, colher

Fazer florescer todo o chão?

O cavaleiro insensato

Por certo responderia:

Mesmo que só por um grão

muito mais louco eu seria!

Luth
Enviado por Luth em 03/08/2011
Reeditado em 21/08/2011
Código do texto: T3137477
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.