O Riso

Ao ouvir, fechou os olhos e acurou o ouvido.

Talvez fosse daquele que se acha belo como Narciso,
quiçá do crente que sonha com o Paraíso,
quem sabe se não era o daquele que perdeu o juízo?
Ou, então, o cômico do bêbado sem siso?
Ou, o trágico do amante indeciso?
Ou o da mãe, Drumonnd, que nos recolhe a alma e diz: deixe que eu cirzo,
dê-me o coração, que eu aliso.
Ou o daquele que ri, porque acha que é preciso,
ou o que antecede ao navegar impreciso.
Riso sem motivo, cujo som repete o do guizo.
Do psicanalista que diz: não ache nada! Sou eu quem analiso.
Do inconformado que burla o aviso,
da que foi virgem, mas ainda mantém o sorriso.
tantos risos . . .

Quando abriu os olhos, notou que alguns já foram seus.