Retrato do meu pai

 

Retrato do Meu pai.

 

Meu pai não é poeta

meu pai não é doutor

mas dá lição de vida

porque nisso é professor

 

um sujeito obstinado

Que não faz trato com a dor

E faça o tempo que for

É o primeiro que se oferece

Voluntário e ajudador

 

Brigão como ele só

Briga até com o tempo

E diz que não vai parar

Nem mesmo quando for pó.

 

De altura avantajada

E corpulento que ninguém diz

Que já passou dos oitenta

Vaidoso... Fica feliz!

 

Muito educado,

para falar pede a vez

E leva no bico qualquer politico

Porque é um poço de sensatez

 

Se com os filhos

Há algum problema a resolver

fala bem manso com voz cansada

(sábia me calo)

E no final nos faz afagos

 

 

Se quer vê-lo enraivecido

Ah! meu amigo, vou te contar

É quando mãezinha

Põe-se a falar!

 

Só então ele esbraveja

Mas logo a beija e volta a brincar

O meu pai que é sempre altivo

mas sensível como poucos

 

Sem jamais se envergonhar

tem três motivos pra chorar

As injustiças, crianças tristes

e os versos que eu vivo a declamar

 

Se lhe perguntam a razão

com emoção responde sem pestanejar:

_Homem que é homem tem coração,

homem que é homem sabe chorar!

 

 



Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 02/08/2011
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