CENA DO COTIDIANO
Peguei-me, ao acordar,
Sem saber exatamente onde estava
Tive um sonho abstrato
Havia um abismo lá em baixo
Eu caía, caía...
Quase chegando ao final
Sentindo a agonia de morte
Peito pulando na boca
Disparado coração apavorado
Pânico, terror, horror!
Chegava, chegava...
“Deus perdoe minhas faltas
Meus pecados”.
Pensei em minha mãe
No meu cachorro
Na irmã, no futuro namorado,
Presenciei o rosto da despedida
E o caixão selado
Perto do chão
Dei um último suspiro
Imaginei anjinhos
Para me darem as mãos
Anjinhos...anjinhos...
Anjinhooooo!!
Berrei eu
Berrei. Eu gritei
Gritei eu
Fechei os olhos
Desejei não estar
Acordei
Com o rádio anunciando
Atentados, violência
Bomba, algumas caseiras
Cidades em pânico
Homens sem alma
Será que perdi alguma coisa?