Poema em forma de pranto.
Rio, 01.08.11.
Poema em forma de pranto.
Pegue um copo de uísque
vá pra sala de estar,
deixe o seu olhar vagar
até que se esvai o encanto,
se acomode no sofá, não sem antes
de por na vitrola um tango,
essa é maneira mais propicia
de ler esse meu poema
em forma de pranto.
Desculpe se nele tudo soar
sombrio e cheio de magoa,
é que cada verso desse meu poema
equivale a uma gota de lágrima.
Toda vez que encontro
a tristeza, acidentalmente,
abaixo a cabeça e respeitosamente
lhe peço licença,
mas a vezes ela me acompanha
e me impõe a sua
desalentadora presença.
A tristeza quando me visita
com sua usual freqüência,
me preenche e me consome,
todo outro sentimento que
em mim habita some,
minha alma fica aflita até
que eu arduamente a dome,
ah tristeza, tristeza...
és a dor mais pungente
da natureza do homem.
Eu estremeço só de ouvir
alguém citar o teu nome,
mas mesmo assim quando bates
a minha porta prontamente
te convido a entrar,
quanto mais rápido te recebo
mais rápido sei que
vais te retirar.
Eu sei tristeza, que
é inútil te evitar,
és da condição humana e mesmo
que eu não admita deves
ter uma função salutar,
nunca me serás bem vinda,
mas eu aprendi que é
preciso te aceitar.
Essa é maneira mais propicia
de ler esse meu poema
em forma de pranto.
Pegue um copo de uísque
vá pra sala de estar,
deixe o seu olhar vagar
até que se esvai o encanto,
se acomode no sofá, não sem antes
de por na vitrola um tango.
Clayton Marcio.