CONTEMPLAÇÃO

Quando o dia cansado já se despedia
Foi-se chegando a noite rebelde e fria.
Com ela veio o vento que soprava a contento
Satisfeito com seu efeito a observar
O balançar dos galhos das árvores da praça
Onde se encolhia o andarilho.
Morador da imensidão.
Sem paredes, sem teto, sem amarras
Sem tino, sem destino...
Família, amigos por onde andarão?
Dele se esqueceram
E de seu aniversário, alguém se lembrará?
É seu aniversário,nem precisava festa.
Bastava um olhar,
Um abraço mesmo que desajeitado
Sopa quente ou uma xícara chá
Na frente da TV, no sofá da sala.
E o andarilho apreciador do brilho da lua
Se põe a namorá-la, sem nem um rancor
Faz uma prece a Deus e agradece
Por mais um aniversário
Em noite fria tendo para si
O universo a contemplar.