Anúncio de primavera
O sol ressurge por entre as gotas saudosas da chuva
Saem dos ocos das árvores em delírio
Como se saíssem de um martírio
Umas esverdeadas, outras acinzentadas
As serpentes
Desfiam as penas, aprumando os bicos
As aves que ao relento
Viram murchar as açucenas
Vibram nos tímidos raios d’ouro
A promessa, a quimera
Das flores onde dança solene o besouro
Zumbindo canções de mel para as abelhas
Quebra um silëncio obtuso sobre as telhas
Valsam dos pirilampos as centelhas
Passeia nos prados o fulgor da primavera