AMOR E TRAGÉDIA

Numa linda tarde de domingo, lá no interior,

Meus olhos recaíram sobre uma morena clara,

Tipo renascença cuja beleza me fez sentir inferior

E quanto mais a olhava, mais a achava rara.

Naquele vistoso rosto redondo, sem pintura,

Um par de olhos verdes incrustados estavam

Adornando e harmonizando aquela criatura,

Que, quando passava, todos mortais admiravam.

Nessa época, embora de rosto ainda imberbe,

Tinha uma profunda admiração pelas esculturas

E ali estava uma, bem delineada e ainda inerme

De espírito, pois parecia de índole e formação puras.

Nossos olhos se cruzaram. Meu coração disparou,

Minhas pernas tremeram, a fala, logo a fala, sumiu,

Mas era necessária uma reação e a cabeça ditou:

Vá em frente, não desista, e todo o corpo reagiu.

Agora, diante de mim, sorridente, aquele monumento,

De carne e osso, mais carne do que osso, exuberante,

Com suas formas lascivas fez de mim (que momento!)

Um ser orgasmicamente idiotizado, insignificante.

-- Qual o seu nome? – pergunta-me ela, com delicadeza.

-- João, João Silva Esperança. Chame-me de Esperança.

Esperança de, num futuro próximo, tê-la à minha mesa,

Para sempre, num clima de paixão, rodeada de crianças.

Ela estremeceu, tentou dizer algo, mas não conseguiu.

Por outro lado, sentindo que lhe causei forte emoção

Fiquei firme como uma rocha, entendendo que ela admitiu

Um namoro, obedecendo ordens ditadas pelo coração.

Envolvemo-nos um nos braços do outro, delirantemente.

Minha boca encontrou seus lábios carnudos e dulçorosos,

E o apoio sob os nossos pés desapareceu, simplesmente.

Flutuamos no espaço. Vivemos, assim, momentos deliciosos.

Mas é certo que tudo que tem início tem um conseqüente fim.

Também o poeta já dissera que o amor é eterno enquanto dura.

Um mês depois de ao meu pedido de casamento dizer sim,

Em prantos beijei sua testa fria ao ser levada à sepultura

levy pereira de menezes
Enviado por levy pereira de menezes em 08/12/2006
Código do texto: T313021