Autonomia

Tormentos de um tufão que se aproxima...

Ah, como é bipolar esse amor doentio que te envades o peito,

Queres tudo e num segundo seguinte não queres nada,

Diz, prometes coisas e não cumpres,

Choras pelo amor, desapareces logo em seguida,

Disposição para sair e de repente... ficas em casa,

Fugas, as mesmas de sempre, vãs repetições e ações e gestos,

Será clínico? Será crônico ou genético?

Será uma brincadeira ou um pedido de socorro?

Estou cansado, cansado ao ponto de sair pela porta da frente, de tomar um ar, de ver novas gentes, de dar um mergulho, molhar a cabeça em água fria e repensar o que se foi pensado várias e várias vezes...

Maus hábitos?, vícios?, Criação?...

Não, não quero absorver uma patologia que não é minha, que não faz parte de minha existência, que me quebra a rotina, que me anula como gente, que me toma todo o tempo, que me enche de cobranças...

Uma cobrança velada como um estupro onde o abusador joga com a vítima e a faz sentir-se culpada ao ponto de se construir uma culpa inexistente a qual sofre em silêncio...

Não, não está em mim esse espírito de mártir, que se doa na fogueira e se lança em nome de outros...

Não, não há norte,não há sul, leste ou oeste, não há prisma, direção, bússola ou mapas em escalpos...

Não há dia, não há noite, não há madrugada, não há tardes de verão e nem de inverno...

Prefiro simplificar a vida e suas nuances...

Não, quero ficar comigo mesmo, esse é o meu tempo, revisões de aprendizados e erros, e não de aprendizes ou mestres...

Não, não quero ficar lambendo feridas, matando a sede com minhas próprias lágrimas, pensando no que já se foi, sem mágoas, sem rancores, sem vinganças ou dissabores...

Desejo somente curtir a minha paz...

Paoloalmada
Enviado por Paoloalmada em 31/07/2011
Código do texto: T3129812