HABITAT DOS PERECÍVEIS

HABITAT DOS PERECÍVEIS

Ossos de ócio nesse jardim do desprezo...

Menu de carnes para os urubus dos subterrâneos

Lápides enferrujadas, granitos biodegradáveis...

Em cruzes descartáveis de choros instantâneos.

Nas letras amarguradas e pompas nunca dantes tidas

Com ouro ou com prata escritas... E no fosso do preso,...

O alento da crença de que tu vai volatilizar.

A porção de cal que antigamente te embalsamava

É a demão que orna aguada no cimento desnivelado;

E pela lúgubre avenida ciscalhada

Os silvos de ladários ou rezas solitárias

Desembocam pelas ruelas numeradas.

A procissão das velas descamadas

Acamam o chão em poças solidárias.

Nas flores petrificadas em vasos lodosos

Sossegam as nódoas invisíveis do tempo...

... Que não se brandem ao vento.

Em derredor da cruz que martiriza tua luz

Conglomeram promitentes...

Que nada mais são,... Penitentes

Adoram e reverenciam a imagem

Que não lhes ajudaram na passagem.

O arrependimento desata os entraves nodosos

Que bramem o perdão do inquilino incolor;

E nesse rio de mixórdia de tripas e esqueletos

Repousa o silente interior do teu pavor...

No despertar que um dia, habitará algum desses guetos.

Dentro desse vão de escuridão, arrecada os juros

... Que não receberás dentro desses muros;

Em lautas suítes ou nas modestas corcovas de terra

É aqui que todos os irmãos se igualam nessa Terra.

Prisioneiros do material e do metal...!!!

Aqui eis,... O superávit das tuas finanças.

Priorizando a ilusão libertária sob fianças

Não se esqueça que haverá um alguém

Que o fará lembrar que seu cognome,... É ninguém.

Frondosos Edens,... Que sepultam todo orgulho, e todo egoísmo.

CHICO DE ARRUDA.

CHICO BEZERRA
Enviado por CHICO BEZERRA em 29/07/2011
Código do texto: T3127364
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