DESCOBERTA

Por trás da vidraça eu olharei a tarde
e serão os meus olhos
como os olhos dos meninos de Biafra.
Minha alma terá o justo e constrangido
sentimento das Mães da Plaza de Mayo.

A tarde de primavera
me outonará pelas calçadas,
mas ainda assim serei eu,
por trás da vidraça.

Olharei a ti, que passa
e verei a mim, refletido.
As tardes deixarão de ser
como ontem
e eu irei contigo além da vidraça,
antes que o primeiro filho
venha me ensinar os ruídos da noite.

Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 29/07/2011
Reeditado em 31/03/2013
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