O SUSCITAR DA ALMA

Madrugada vazia,

O vento gelado

Sacudia a cortina.

O desprezível abajur

Com sua luz esmorecida,

Feito penumbra,

Engabelava, iluminando

O cigarro apagado,

O cinzeiro molhado

Pelo pranto e a dor.

O silêncio predominava.

Eu me sentia apático.

O sopro do vento

Trazia reconfortante

Golfadas apaziguadoras.

Contemplei minha docilidade.

A calma não era aparente.

Algo dentro de mim

Parecia pressentir

A benéfica chegada

De dias vindouros.

Permaneci estático,

Cauteloso quanto

Ao imprevisível amanhecer,

Pois, era sabedor

Que nem sempre a calma

Era mensageira

De fluidos positivos.

Não estava habituado

A enxergar com plenitude

O sinal do clarão da vida

Visível a outras almas.

Pensava que naquele dia

Conseguiria suscitar

Algum reflexo positivo

No difuso espelho da vida.

Reparei sem visualizar

Que invisíveis mãos

Providenciavam a soltura

De minhas amarras

E abriam meus lábios

No ensaio de um sorriso.

Elevado, observei quando

Minha avantajada massa,

Num inédito frenesi,

Convidou-me solícito

Para o primeiro beijo.

Lampejos coloridos

Felicitaram o contato.

Faíscas inundaram,

Afugentando feito açoite,

Negativas almas negras.

Senti o brilho prazeroso

Se intensificar em abundância.

Dei-me a um longo abraço.

A mais perfeita sincronia

Entre alma e matéria.

Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 05/07/2005
Código do texto: T31269