Boneca de Barro
O veludo azul desce do céu
Afunda e afofa sonhos
Medo e caos arrotam o ar.
A menina, sempre a menina.
Rodopia ao lado da cama.
Chora de quando criança.
Ama a boneca de barro
E no estofo de tom verde
Amortece, a própria maldade.
O que faço eu, aqui no escuro.
Se através da janela,
A luz, esparramada
Em terra firme, me convida a entrar?
Quero voar sem asas
Bater forte esses braços fraco
Encher esse pulmões sem ar
Langui de preguiça.
Quero avançar por entre
Essas serras verdes floridas
Que afunda num voar livre
Acolhedor, um sonho raro
O que faço nesse escuro
Com essa menina da boneca de barro?