Sou todo delírio
“Os poetas possuem autorização para mentir.” (Plínio – o Moço).
Sou sonhador do mundo, amante da lua.
Sou caminhante das estradas e um pouco poeta,
sou uma parte do dia e o muito de todas as noites,
sou os pingos da chuva e o calor de todos os sóis,
sou a loucura dos amantes e a rotina dos casais,
sou, às vezes, o jogo jogado, a lágrima chorada...
Sou o canto dos pássaros e a poeira da estrada.
Sou ator da vida, amante de toda Madalena,
sou o movimento dos bebês no útero de toda mãe,
sou o vento cantador da sua madrugada,
sou o grito preso na garganta do operário.
Sou uma parte do céu que caiu na terra,
sou um pouco da chaga que maltrata o corpo
sou e serei tudo que sua imaginação permitir.
Sou a paz, sou a alegria, sou ternura...
Também posso ser a dor e a tortura.
Sou, na verdade, uma parte de você
e um mínimo do meu próprio ser,
sou todo é delírio, devaneio...