MADRUGADAS

AH! Estas madrugadas de cigarros e músicas
e silêncios...
tão distantes de outras madrugadas
de então.
Madrugadas de dores, de desafetos, de medos,
quando a gente ficava segurando o manto da noite
para que o dia não viesse
e os barcos não partissem...
Madrugadas em que a dor do amor
ficava dentro da gente
e a gente nem sabia que era dor...
Que a impressão era de amor!
O importante era ficarmos juntos,
morrendo de medo
de amar
e amando.
Eram madrugadas de emoção,
de abandonos, de presenças...

Nestas madrugadas de agora,
quando silentes o medo, o amor, a dor,
posso finalmente nos ouvir
vivendo aquelas madrugadas.
Era quando olhávamo-nos despidos,
a nos permitir.
E nos penetrávamos descobrindo cantos,
iluminando sombras,
desatando afetos.
E cada gesto trazia
a exata intenção do que se era.
E a manhã nos surpreendia
cada um completamente
preenchido pelo outro.
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 27/07/2011
Reeditado em 14/12/2014
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