Sinais
Estrada longa e perigosa
rosa dos ventos desairosa
extremidades desastradas da morte
escondida entre as dobras dos vestidos
entocada nos bicos dos sapatos
sai do lixo e dos entulhos, dos buracos
baratas são teus regalos
tesouras da insídia no pernoite
nos troncos e entrecascas amoita-se
canibal da própria origem
seca , desidratada
***
Grande é a minha satisfação pelo presente poético da mineira CELÊDIAN ASSIS e por ter a honra de entrelaçar nas suas as minhas mãos e ler esta primeira lição depois dos 63:
"Abraça a vida e entrelaça
as mãos nos abraços,
que aquecer-te-ão
no calor da lembrança,
que não houve fracassos,
nenhuma vã ilusão,
nem sucumbiu a esperança,
apenas colhendo bonança,
hoje e nos anos que ainda virão.
Faça tilintar as taças,
transbordando espumantes
de doces e tintas gotas.
Sorva cada uma delas
como se fossem poesia,
de versos excitantes,
que façam lembrar
da vida de cada dia,
nova em cada despertar,
e na sua repleta magia
é algo nobre para brindar."
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Alegra-me igualmente a poética de LUCIANA VETTORAZZO CAPPELLI:
Restos e mofo
na longa estrada
que, como diz Tom
não vai dar em nada
aos vermes me atiro
não sem um suspiro
tal longa tragada
e um pequeno giro
da chave na trava
Fujo a procurar a origem
para devorar qual canibal
o corpo e a fuligem
a morte vem por tiro
ou por uma pancada
premonitorias ambas
de terra arrasada.