O TRISTE CANTO DO ROUXINOL

Outrora bem mais feliz eu era

Cantava nas manhãs tão bela

Todas as estações pareciam primavera

Para lhe alegrar cantava em sua janela

Mais no passar do tempo a vida foi ingrata

Quase só restei eu de tanta passarada

Você maldoso homem acabou com a mata

Agora me afogo com receio entre as queimadas

Cadê o verde ao meu cantar com liberdade

O exalante cheiro do verde em puro ar

Aqui um dia foi sertão agora é cidade

Dentro da gaiola não há motivo para cantar

De um rouxinol feliz agora apenas recordação

Outros pássaros se afugentaram a outras bandas

Hoje vivo só a lamentar a solidão

Aquele coral silvestre não sei para onde anda

Entre as cinzas há pedaços de meus descendentes

O homem é inteligente e age com maldade

Matou quantos pássaros inocentes

Só resta agora lamentar a realidade

Há um nó atravessado na garganta

Meu olhar triste há esperar uma nova estação

A melodia da tristeza meu coração canta

Homens malfeitores nem parece ter coração

Não dizem encontrar refúgio e sossego

Quando estão contemplando a natureza

Com receio é que eu me achego

Sou o rouxinol uma parte desta beleza

verginia
Enviado por verginia em 27/07/2011
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