Erva daninha

E agora que fazer

Se por mais que me esforce não consigo dizer

Isto que todo mundo diz

Isto de que sou simples aprendiz

Como dizer que amo sem me perverter

Como e como

Se todos vivem a dizer

Cansado elástico

Eu te amo desamo torno a amar

Como dizer e me fazer acreditar

Todos dizem a bel prazer

Cresce nos prados tal erva daninha

Nuvem de gafanhotos

Do aedes aegypti as larvinhas

Essa afirmação implausível, ilógica, ininteligível

Como dizer eu te amo e me fazer acreditar

Se a todo instante se diz

Mais que tem grãos de areia o mar

Então é preferível não amar

Pior ainda me apaixonar

Pois como vento traiçoeiro, a paixão quebra do coração a taça

Anuncia desgraça

É coisa que destrói a traça

Então não te amo

Nem apaixonada sou

E não sei mesmo o que faço

Com esta palavra

Amor

***

Integra esta página a intensidade do poema de CONCEIÇÃO GOMES:

Pois eu quebrei muitas taças

E quando perdi o medo de amar

Aprendi tambem a desamar

Cortei ervas daninhas, sangrei as mãos

Mas não renunciei ao doce tormento

De entregar-me a paixão, ainda que um momento apenas

A paixão de amar o amor.

taniameneses
Enviado por taniameneses em 27/07/2011
Reeditado em 29/07/2011
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