_ O Percevejo _

Num quiosqui à bêra-mar,

Comi muito caranguejo...

Mais num vô acostumá

Co’ o bendito percevejo!

Distrocei seis caranguejo,

Nu’a barraca à bêra-mar;

Mais um tar di percevejo

Fêiz meu bucho si animá!

Quando à nôiti — no festejo,

Deu u’a mooooor dor di barriga...

E eu sintia o percevejo

Distroçando minhas lumbriga.

Percurei no lugarejo,

Um lugá p’ra evacuá...

Vendo aquele sacolejo...

(Ó meu Pai!... Fáiz recuá!)

Nunca vi tanta agonia,

No meu bucho tão gurducho...

Nem sei mais s’era ironia,

Quando inda era mais murcho.

Retorceu toda a bixiga,

Sacudindo inté o gargalo...

Só provei u’a só bibida,

‘Companhado co’ rubalo.

Num incontrei u’a só saída,

Qu’eu pudesse mi iscondê;

Só pensava na hemorroida:

... Será qui num vai duê?

Eles vão fazê gracejo,

P’ra mórde podê gozá...

Num aprendi fazê bordejo,

Num dêxa a merda iscapá!

Sei qui vão fazê motejo,

Quando as carça si arriá...

Vou tentá ‘squecer o cortejo,

P’ra evitá mi atormentá.

Vão gozá do sertanejo,

Vendo a bunda si isbardá...

Pois num tinha um só lampejo,

Co’ o qu’eu ia mi limpá.

Ispreitei todo o ambienti,

P’ra podê mi embelecá...

Pus p’ra fora o marfazejo,

P’ra ninguém si aproximá.

Deu u’a inoooorme caganêra,

Qui até hoje, inda mi lembro;

Mi incostei nu’a ribancêra,

Já tremendo os quatro membro.

No cardápio: era badejo,

Camarão, lebri-do-mar...

Fora aquele percevejo —

Qu’eu nem gosto d’alembrá!

Prefumei — todo o festejo...

E a’venida bêra-mar...

Quando os tar dos caranguejo

Resorvêro si sortá.

O mar chêro foi tão fórti,

Qui avistei — velas no mar,

Si agitando lá pros nórti —

Pras jangadas nu’afundá.

Pr’eu juntá toda essa gente,

P’ra mórde mi discurpá...

Num restô ninhum parente,

Qui pudessi mi ajudá...

Nem lembraro a tar lampreia,

Qu’eu ‘squici di mencioná!...

Despois dessa diarreia..... —

Nunnnnnca mais eu vortei lá!

Pacco

Pacco
Enviado por Pacco em 26/07/2011
Reeditado em 15/01/2024
Código do texto: T3120565
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