Amanhecer
Lá pras bandas de Itapoã o sol nasce
esgueira-se fugitivo em um rasgo no universo.
Parece até que a costura entre céu e mar rompeu.
E ele, sol infiel, foge.
Foge da terra ciumenta.
Quer comemorar um dia de liberdade.
Lá pras bandas de Itapoã o sol foge sorrateiro,
tímido,
Observa.
Observa amarelo.
Olha uma nuvem, olha outra.
Esconde-se atraz delas.
Parece que foge.
Será que tem vergonha do que está a fazer?
Seus raios estão escondidos
nem parecem ser raios de um astro rei
são apenas raios de amante.
Ele tem suas razões de amor.
Não quer que a ciumenta terra perceba que ele foge dela
que ele foge para passar o dia com sua amante
Lua.