MOMENTO

Num dia de verão nos encontraremos,
inevitavelmente, diante do pecado.
Seremos tu e eu e andaremos pela praia
de limites que, súbito, acabam no céu.

Será de tarde,
pois as sombras dos coqueiros
se debruçam em direção ao mar.

As pequenas casas dos pescadores
serão mudas expectadoras,
e, por isso, tão culpadas quanto a tarde de verão.

Igualmente culpado será o mar
que, ao se jogar na praia
recordará cantigas insinuantes.

Somente a brisa que virá do mar
e todos os nossos desamores
e a sede de se dar
e a sede de se querer,
nossa presença,
nosso cheiro,
servirão de atenuantes
a serem considerados
no Juízo Final.

Mas o Momento, merecerá, por certo,
inúmeros brindes de champanhe francesa
em todos os anos que antecederão a morte.
Nelson Eduardo Klafke
Enviado por Nelson Eduardo Klafke em 25/07/2011
Reeditado em 23/07/2014
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