POEMINHA SEM NOME...
“A vida de um poeta é como uma flauta na qual Deus entoa sempre melodias novas.”
Tagore, Rabindranath
Na quentura branda do ventre maternal,
onde tudo é perfeição, serenidade.
A vida se tece, faz-se o milagre.
E arde, cresce, acende.
Toma forma, ganha feição.
Torna pele, vasos, tecidos. Pessoas!
Depois de desatados na loucura dos tempos tortos,
vai vencendo os dias, reinventando as noites.
Rostos expostos a mercê dos sóis.
Arde o desgosto, prendem-se
a respiração, mas prosseguem...
Gastando pele, entupindo veias, atrofiando vasos!
Inventam-se outras trilhas, vêm novas amarguras,
vira água salgada o pouco do doce que existia.
Ventos fortes enfraquecem sonhos.
Arde o ânimo da esperança infinda.
Metade fenece, outra metade cresce.
Gente fraca ficando forte, mirando o Norte!
Na quentura de outro ventre uma nova semente
rebenta sequenciando encanto e milagre.
De novo é canto, festejo, dança.
Arde o olho do pai com o choro virginal.
É Deus de novo tecendo vida, fazendo mágica:
é pele, artérias, tecidos, risos. Alma imaculada!