POEMINHA SEM NOME...

“A vida de um poeta é como uma flauta na qual Deus entoa sempre melodias novas.”

Tagore, Rabindranath

Na quentura branda do ventre maternal,

onde tudo é perfeição, serenidade.

A vida se tece, faz-se o milagre.

E arde, cresce, acende.

Toma forma, ganha feição.

Torna pele, vasos, tecidos. Pessoas!

Depois de desatados na loucura dos tempos tortos,

vai vencendo os dias, reinventando as noites.

Rostos expostos a mercê dos sóis.

Arde o desgosto, prendem-se

a respiração, mas prosseguem...

Gastando pele, entupindo veias, atrofiando vasos!

Inventam-se outras trilhas, vêm novas amarguras,

vira água salgada o pouco do doce que existia.

Ventos fortes enfraquecem sonhos.

Arde o ânimo da esperança infinda.

Metade fenece, outra metade cresce.

Gente fraca ficando forte, mirando o Norte!

Na quentura de outro ventre uma nova semente

rebenta sequenciando encanto e milagre.

De novo é canto, festejo, dança.

Arde o olho do pai com o choro virginal.

É Deus de novo tecendo vida, fazendo mágica:

é pele, artérias, tecidos, risos. Alma imaculada!

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 25/07/2011
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