A Praça Vazia

Eu estou com o coração rasgado

E quando fecho os olhos te vejo;

Quando quero cantar, pronuncio teu nome.

Estou perdido para sempre nas mentiras que não contei.

Há, agora, o hiato do beijo interrompido,

Há a ausência do que poderia ter sido

E não foi.

Trago nos bolsos o teu rosto

E cuido-o como se fosse meu último bem.

Trago na boca as palavras que não disse

E o silêncio que me sobrou nesta manhã.

Restou-me a praça vazia; o cigarro que eu

Apago no chão.

Tenho a cidade inteira e a orfandade do mundo:

Sou profano e vil, é possível.

Mas sou demasiado humano,

Cheio de erros e derrotas,

De desejos e medos:

Meu coração está rasgado

E quando fecho os olhos te vejo.