Anoiteceu dentro de mim.
Rio, 26.07.03.
Anoiteceu dentro de mim.
Anoiteceu dentro de mim,
amanheço em algum lugar
perdido nesse dia,
que teima em não nascer
nos meus olhos nublados.
Anoiteceu dentro de mim
como noite de inverno,
daquelas que o sono não vem,
como madrugada de chuva fina
e ventos que batem com
galhos de árvore na janela
desse quarto escuro.
Anoiteceu dentro de mim
como velas que se apagam,
estou imerso nessas trevas,
visão incerta dos meus
dias sem você.
Anoiteceu dentro de mim,
mas o dia ainda brilha lá fora,
o sol entra pela fresta da porta,
mas hoje eu quero o frio
dessa solidão que me
tortura e conforta.
Anoiteceu dentro de mim
como correnteza,
daquelas que levam consigo
preces e crenças.
Anoiteceu dentro de mim
como sombra lenta,
daquelas que se espalham
pela casa e sem licença
invadem a alma.
Não vejo a hora de ter fim
essa saudade, essa falta
que você me causa.
Anoiteceu dentro de mim,
sem sequer chegar a tarde,
sem sequer findar o dia,
anoiteceu simplesmente
como súbita melancolia.
Clayton Marcio.