Afim do fim
Eu já não te amo como antes
Deixei propositalmente secar nosso jardim
Tentei, fiz de tudo nesse papel de amante
Fui ator principal, vilão, figurante
E agora o que mais resta de mim?
Desses desencontros odiados, relação conturbada
Até que durou bastante, enfim.
Tantas razões levam a acreditar que acabou
Porém, cabe sim pensar que estou afim do fim.
Joguei o jogo, mas chegou o momento que cansei
Pois não pedi pra ficar nem pra sair
Perdi.
Ainda assim não pulei do barco
Pelo contrário remei, remei,
E mesmo encontrando uma correnteza de idéias contrárias
Lutei.
Estacionei em um porto que o destino indicou
Amarrei-me entre os Deuses iludidos do amor,
Amor?
Que amor é esse que dizem que é capaz de adoçar o oceano,
Que faz a gente nadar lado a lado com um tubarão,
Secar uma lágrima com um pedaço de pano chamado lenço,
Fazer amor com uma sereia em plena areia branca,
Tudo isso eu penso.
Dizem ainda que essa lenda chamado amor
Não tem origem, mas existe.
E quando a gente descobre nos faz tão bem,
Dá um novo brilho no olhar,
Depois vira rotina,
Caminha até a segunda esquina, acha distante,
Parece encontrar no solo inúmeros espinhos,
Os pés ficam nus, impotentes e desprotegidos,
Sem caminho.
Talvez queira amanhã buscar outros barrancos coloridos
Por aí em algum canto escondido,
Um novo amor,
Que dure um momento infinito.
Francisco de Assis Silva é Bombeiro Militar em Rondonópolis
Email: assislike@hotmail.com