DESTINOS PERDIDOS
Um laço estendido serpenteia o campo
Um pontilhado divide quem vai e quem vem
Cobrindo distancias com seu negro manto
Traz vidas em suas veias e as leva também
Quem mata o silêncio do campo ao relento
Cruzando lonjuras em pagos alheios
Apostando dobrada parada com o vento
Por certo não vive uma vida de anseios
A distância e a mesma, só o tempo é que encolhe.
Engana-se quem busca o arremate ligeiro
Na raia da vida o destino é quem escolhe
Do partidor ao final quem chega primeiro
Na quietude da noite na várzea dormida
Galopam rebanhos de luz em fileira
Relampejos clareiam tropas perdidas
Que tombam sem vida na armadilha traiçoeira
Destinos se cruzam ao longo da via
Gambeteando curvas na busca da sorte
A fadiga é uma armada estreita e vazia
No aguardo do estiro do laço da morte
Destinos perdidos no rastro da estrada
Nas horas vazias em que o vento emudece,
Na curva mais forte há uma cruz plantada
Rogando a Deus aos viajantes, em prece.