AGASALHO

E tu ataste o meu destino em teu novelo,

desenrolaste a lã na sala dos teus planos.

E eu preso à fibra fina, eu fio e nu em pelo,

fui me espalhando no recinto com meus danos.

Depois juntaste o emaranhado, sem desvelo,

e me teceste em veste quente, em teus profanos

comportamentos insensíveis (puro gelo)!

E eu, agasalho que aquecia os teus enganos...

Passado o tempo, a minha fibra, meu destino

perdeu seu viço, todo o brilho, toda a graça

para os teus olhos, o teu corpo, tua estrada...

Então, despiste a tua sina do meu tino

e meu calor já não te serve, não te abraça.

Eu, peça presa na gaveta, embolorada...

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 23/07/2011
Reeditado em 23/07/2011
Código do texto: T3112934
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