DESABAFO DE UMA PEDRA
Eu estava no meio do caminho,
No meio do caminho eu estava,
Quando de repente um poeta
Que por ali caminhava
Não percebeu, coitado,
Que em mim tropeçava!
Nunca mais ele esqueceu
Daquela grande topada!
Um poema escreveu
Que muita gente detestava.
Já outros, com ironia,
O poema declamava.
A verdade é que fiquei
Sendo pedra atravancada,
Pois ninguém me removeu,
Continuo minha jornada!
Sendo pedra de tropeço...
Obstáculo na estrada.
Mas quem sabe alguém um dia
Com um olhar deferente,
Me veja com outros olhos
E fique até sorridente!
Quem sabe um dia um poeta
Que tenha pena de mim,
Me leve pra decorar
O seu quintal ou jardim.