Lusco-fusco

A esta altura da vida o canto me entontece

Embaralham-se os satélites, os planetas

Turva-se a luneta

A pele, então, é que enlouquece

A esta altura da vida o canto me enobrece

Rica alfaia, harmonia e prece

A esta altura da vida, tudo perdido

Sonhos, ilusões e da juventude o calor, ao que parece

Tesouro encontrado em meio à messe

Corpo poético que padece

A esta altura do poema a curva do caminho não se evita

Fica então para o nunca eterno

O sonho que se tece

***

Agraciada, presto as poéticas continências a JORGE LUIZ DA SILVA ALVES:

"A essa altura da emoção,

coração fenecendo em crepúsculo,

vida inteira num opúsculo,

o discurso vira oração

e o covarde ganha coragem

ao sobrepor sua cálida paixão

à frigidez da realidade

- viver de verdade!"

***

De todo o meu coração e carinho acrescento a esta página os tocantes versos do amigo, professor, escritor e gentil cavalheiro, ALEXANDRE MENEZES:

"Faltam freios, nasce o apego à reza

Veio tarde ou não veio?

Terá fim ou ficará pelo meio?

Antes das curvas, uma sempre começa.

Nascem também as juras e promessas

Quando, mesmo na falta dos freios,

O destino ou o santo dá o seu jeito

De manter o corpo por cima da terra.

Depois que o suor frio seca na testa

Some aos poucos o receio

E quando outra curva exige respeito

Renascem juras e o apego à reza."

taniameneses
Enviado por taniameneses em 22/07/2011
Reeditado em 22/07/2011
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