Epifania

A poesia não precisa

Ter compromisso com o incessante vício

De ao amor falar com franqueza

A poesia não precisa ser romanticamente bonita

Ou automaticamente submissa, ainda que para isso

Existam fortes tendências

A poesia pode ser agressiva, pode pensar por si só

E assim ganhar uma nova vida

Cheia de páginas e pó

A poesia lunar, gatuna, libertária

Uivante, vulgar e maquiada!

A poesia ingênua, pueril, infantil

A poesia ousada, transfigurada, repaginada...

Onde estão elas, agora?

A poesia acompanha o pinga-pinga

Da chuva, sobre os guarda-chuvas

Acompanha a xícara de café

Tomada na padaria da esquina, em pé

Acompanha o pão quentinho

Descobre o menino dormindo

Acompanha a moça que sai do banho

Acompanha você, ao cair em sonho

A poesia se equilibra

Entre realidade e fantasia

Daiane Cristalina
Enviado por Daiane Cristalina em 22/07/2011
Reeditado em 23/07/2011
Código do texto: T3111557
Classificação de conteúdo: seguro