[Cerebrações do Desejo]

[Ah, esse desejo sufocado...]

Duas horas dessa madrugada morna...

Aquela égua pasta tranquila do lado de lá;

e de cá, o cavalo solitário abre as narinas,

fareja o ar do ambiente... deseja a fêmea alheia!

Irrequieto, tem ânsia de varar impossibilidades;

os seus olhos cúpidos lambem aquele corpo...

Ah, romper entre mesas, copos, garrafas,

e num lance audaz, arrebatar aquele corpo,

acertar um duro coice, e galopar para a noite!

Contra mim, este vento assim atroz

traz-me mais forte ainda o cheiro dela!

Mas apenas olhar-me de soslaio não basta;

preciso mais alguma decisão nesse olhar!

Ponho-me à espera... contenho o meu ímpeto.

Atormenta-me a maquinaria infernal

das intensas cerebrações do desejo!

A noite avança... Agora, se ela me der

um tema de entrada, mais um trisco de olhar,

o meu cérebro fatigado, doentio,

fará explodir o meu ser devasso:

não haverá cerca para me conter,

afinal, cavalo à solta na noite eu sou!

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Revisitaçoes da minha coletânea "Cavalos da Noite", ilustrada por Paula Baggio

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 22/07/2011
Código do texto: T3111440
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