Maldito relógio!

Maldito sejas relógio!

Não me dás tempo de descanso…

Só sabes traduzir a minha vida em números…

Lanças vidas iludidas ao remanso

dos teus inúmeros.

Porque te achas com esse direito?

És morfológico?

Porque me chamas para a tua dança?

Se de mim pensas ter proveito,

não, descansa,

sou um ser com mais que um ‘lógico’.

Fazes uma contagem decrescente

corres supérfluo

às 6h marcas o sol nascente

e nos teus ponteiros eu fluo…

Quero acordar,

sem tempos, sem datas,

porque me manténs prisioneira?

Vais perseguir-me a vida inteira,

com a tua cifra,

dízima infinita, periódica…

Na tua racionalidade matemática

marcas o tempo em que matas…

fazes do tempo, uma temática

na qual só te embaraças.

Se recuas e avanças horas,

consoante as estações,

deixa as minhas de fora,

dessas homologações.

Arre! Cronometro, arre!