Ode a Oxalá
Ode a Oxalá
(C.D.U e Kayke Campeche )
Traço
Coisa espessa,
boca túmida em relance preto,
eis o homem
Co'a marca da amargura
exarada em sua história,
em suas mãos que dantes
serviam para servidão, de
algozes impiedosos.
Com traço forte de Iansã,
partiu em meio ao céu,
dobrou sete luas,
Sete dragões fez-se vitória,
e a Ogum jurou glória
Persistindo na batalha
com rigidez que afoga
qualquer olhar imoral
no mar dos fantasmas de Xangô.
E com o preto do carvão estampe no peito:
Igualdade.
Mas fé de preto não se abala,
é chuva tempestiva,
negritude em plena forma,
vida que não se desfaz,
que ao terreiro, as segundas vai,
pra ao branco fazer oração
Entoando co'a força do canto
e da crença, sem malemolência,
e com reforço de um babalorixá
que com a fé nos Orixás, roga
pela igualdade dos povos.
É contraste de cores,
contraste de Bahias,
contraste de Angolas,
linha reta em alvo certeiro,
coragem ao toque de batuques,
batuque de chicote.
melindre de claro,
trabalho de escuro,
soberba de claro,
silêncio gritante do escuro
que esconde os monstros
que em sonhos assombram
o que é desigual.