Nada tem exata medida

Nem sei se o que queima é fogo

Se vontade tem gozo

Se há chegada e saída

Só sei que nada tem exata medida.

Mesmo assim aceito a viagem

O peso das bagagens

O sair das zonas de conforto

Tomando atitudes desfazendo abortos.

Aceito faltas mas só as sem fisionomia

As que a coisa nenhuma se costura

Ou traz qualquer tipo de caricatura.

Acolho tudo mas nada que me enlouqueça

Que tenha representação grotesca

Que venha sem postura

Ou algo que de fato me apura.

Entenda... não há garantia.

Apenas amor ou apatia.

Saindo das periferias

Nesse olhar que disciplina

Que educa o próprio sentimento

Permitindo o discernimento.

Confesso já ter chegado ao cume das dúvidas

Sentir os pés prontos para o despenhadeiro

Sem auxílio... sem esteios.

Mas também confesso

Já ter despencado e lá do fundo me elevado

O que parecia tenebroso

Era apenas fantasma ocioso

Aquele que dizem ter no fundo do poço

Mas que nada...

É apenas nosso próprio rosto.

Não sei exatamente o que põe pra frente

Só sei que é preciso conhecer o chão

Pra de fato saber o que é a verdadeira emoção.

Poder dar um belo sorriso e acenar com a mão.

Amar creio ser isso

Tirar do olho o cisco

Um passeio...

Um conhecimento profundo

Sem espantalhos imundos

Que tudo cerceia

Antes de entender o que pulsa nas veias.

Creio mesmo que tudo é necessário

E ansioso nos espera

Pois o que é a vida senão

Esse transpor constante dos montes

De tudo que é irrelevante?

Seria isso fé

Ou o trabalho dos pés?

Lucinda
Enviado por Lucinda em 21/07/2011
Reeditado em 21/07/2011
Código do texto: T3108819
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.