Nada tem exata medida
Nem sei se o que queima é fogo
Se vontade tem gozo
Se há chegada e saída
Só sei que nada tem exata medida.
Mesmo assim aceito a viagem
O peso das bagagens
O sair das zonas de conforto
Tomando atitudes desfazendo abortos.
Aceito faltas mas só as sem fisionomia
As que a coisa nenhuma se costura
Ou traz qualquer tipo de caricatura.
Acolho tudo mas nada que me enlouqueça
Que tenha representação grotesca
Que venha sem postura
Ou algo que de fato me apura.
Entenda... não há garantia.
Apenas amor ou apatia.
Saindo das periferias
Nesse olhar que disciplina
Que educa o próprio sentimento
Permitindo o discernimento.
Confesso já ter chegado ao cume das dúvidas
Sentir os pés prontos para o despenhadeiro
Sem auxílio... sem esteios.
Mas também confesso
Já ter despencado e lá do fundo me elevado
O que parecia tenebroso
Era apenas fantasma ocioso
Aquele que dizem ter no fundo do poço
Mas que nada...
É apenas nosso próprio rosto.
Não sei exatamente o que põe pra frente
Só sei que é preciso conhecer o chão
Pra de fato saber o que é a verdadeira emoção.
Poder dar um belo sorriso e acenar com a mão.
Amar creio ser isso
Tirar do olho o cisco
Um passeio...
Um conhecimento profundo
Sem espantalhos imundos
Que tudo cerceia
Antes de entender o que pulsa nas veias.
Creio mesmo que tudo é necessário
E ansioso nos espera
Pois o que é a vida senão
Esse transpor constante dos montes
De tudo que é irrelevante?
Seria isso fé
Ou o trabalho dos pés?