Recluso
Passa por mim a voz do esquecimento
um fingimento produzindo outro clarim,
leio um pasquim sem teor algum,
um documento que não se pode confiar.
Minhas lembranças são tristonhas e ruins
hoje nem sei o que faço nesse mundo.
Um vagabundo sem nenhuma identidade,
minha verdade é pior que um olho vesgo.
Só vejo por aqui um descontentamento,
meu eu reclama do contraste desse engodo,
cada minuto novo astuto faz a festa,
e o que me resta será sempre o isolamento.
Nessa partilha já não sobra nem vintém,
tanto porém que ninguém quer assumir,
se só me resta essa fala sem plateia,
melhor calar e aceitar meu eu recluso.