Alienação
Homem,
Teu olhar impregnado de maldade, impregnado de loucura,
roubaram tua brandura.
Teu olhar homem, modificado pela amargura,
roubaram tua doçura.
Teu olhar, homem, é sangria,
falsificaram tua alegria.
Teu olhar se tornou então só vaidade
e deixas-te então de sentir saudades.
Teu olhar é prisão,
aprisionado pelo útero, tens liberdade vigiada pelo coração.
Teu olhar homem, por vezes me chama...
frio... sem a chama de quem livremente ama.
Teu olhar por vezes te engana,
me miras com doçura enquanto me amas.
Teu olhar homem é confusão e ilusão
por vezes, desejo, por vezes imensa divisão.
Teu olhar, homem, procura no desespero por compreensão,
lugar ao sol, lugar tragado... lugar... absorvido... mas, não há mais tempo...
calou-se a canção, sufocou-se o coração...
Teu olhar então... se cansa... me deixa...
se fecha... e longe em teu ilusório mundo... se derrama
sem queixas.
Brasília - DF, 2009.
Do imaginário poético.