SEGUNDAS-FEIRAS
Pelas segundas-feiras
quando você atravessa minha rua
com sua delicadeza e doçura
nos paralelepípedos me crava
pregada em suas pegadas
Nesses quilômetros coloco meus metros
você mede, para e estanca
milimetrando
o amor que sente por mim
pelas ruelas...elas
Pelas avenidas, idas
quando você percorre segundas-feiras
eu me deixo em marcas pretas
dos pneus que circulam
me delato como uma bandeira pirata
para que me sequestre e roube
inteira...
Assim fico suspensa, pensativa...
e tudo me parece um domingo
ansiando pela segunda-feira
com toda sua passagem
a minha viagem
E por dentro do asfalto
todos os pedregulhos sabem de nós
e clamam que você não me tem
como a derradeira
Enlouqueço
sem aparecer
sem demonstrar
e persigo sua rota
todos notam a certeza
dos meus becos pelas suas quinas
Faz dias que você não caminha
pelas minhas estradas
e assim me tranco
me fecho, me atiro dentro
de um copo de segundas-feiras
vazias...