Tu és minha como fogo é do sol

Tu existes no meu peito

É como árvores e rios,

É como minhas mãos,

Que busca sem cessar:

O pão que alimenta, que enfrenta

Que me lembra Deus e a fome.

È como água de chuva

Na floresta, nutrindo a terra,

Trazendo esperanças, banhando semente

Brotos, lavando o chão

pro mundo girar...

Teu sorriso, insinuado dormindo

Sua vulva exausta de viver

pulsos corpóreas, de sentidos

Encontro, do sonho com as mãos

De estar comigo, desejando

O tempo, todos os tempos perdidos

De gotas, cheiros e trigo

Travessias de lagos profundos

Carregados de monstros e planetas

Remontando histórias, mitos

O ancestral medo de se perder

Tu estas comigo

Da forma profunda

Beirando abismos e precipícios

Larvas e calor, temperos infames

Poentes sem fundos, vinhos e

Sulcos, rumo à solidão

A carne em pântanos, lúbrica,

Medrosa, em deixar ser:

Esse império que vaga, num invisível

Lunar, penetrando cerejas e fendas.

Saudando o tempo e o mar.

Não te deixo no

Frio de esquecimento

Em memória, sempre está:

Tropeços e ternos anseios

Seus seios, doce noites de ninar

Aceito seus olhos, com

Tudo que há: beleza, feiúra.

Passado querendo voltar

És minha

De manhã, quando feia,

De noite quando é lua.

A tarde quando é sol,

É minha, e não pode lutar

Não pode escapar.

Porque eu te vejo do fundo do mar.