A harmonia dos contrários II.
Rio, 30.09.05.
A harmonia dos contrários II.
Eles se encontraram um dia,
numa rede de magia,
nas esquinas da tecnologia
do mundo virtual
e se gostaram, quem diria,
talvez por que ali não existia
os preconceitos que os regiam
no mundo real.
Ele gostava de arte,
ouvia Chico Buarque,
apreciava o samba e lia Mario Quintana.
Ela gostava de boate,
curtia as baladas da night
e ficava com um diferente por semana.
Ele vivia apaixonado
não se sabe nem por quem,
ela dizia que nunca havia
se apaixonado por alguém.
Ele gostava de rock,
ouvia red hot,
apreciava hip hop e lia Aristóteles,
ela dançava xote,
gostava de pop
e ia pro baile requebrar ao som do MC Pixote,
ele viva de fantasia, escrevia poesia,
cultivava a humildade e a esperança,
ela dizia que temia mostrar-se romântica
e se escondia por trás
de uma máscara de arrogância.
Tudo neles ainda hoje é diferente,
mas quem os conhece garante
que nunca antes foram tão contentes,
foram pra sempre, nem sempre felizes,
formaram um casal que nunca
experimentaria a temida monotonia
e vivem até hoje nessa
contraditória harmonia.
Clayton Marcio.