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               SEM EIRA NEM BEIRA

          Ah, mulher moradora de rua
          que vive de qualquer maneira,
          às vezes, brincando com a Lua,
          vagando, sem eira nem beira.
          Só Deus ouve as tuas preces.


          Já tivestes glamour e riqueza,
          usando joias de prata e ouro,
          com poderosos ao teu lado.
          Mas hoje ignoras o teu futuro
          e nesse banco sujo e molhado,
          daquele passado te esqueces.

 
          Durante alguns escassos dias
          te alimentas com restos da feira.
          À noite, distante das orgias,
          tens só a névoa por companheira,
          aguardando o fim dos teus dias,
          contando os segredos ao vento.


          Só querias ser rica e poderosa
          e cultuavas alergia aos pobres...
          Até fostes, um dia, muito famosa.
          Hoje, com jornal velho te cobres,
          enquanto consomes o sofrimento.

 
                                 SP – 18/07/11
          

                
Fernando Alberto Couto
Enviado por Fernando Alberto Couto em 18/07/2011
Reeditado em 08/08/2011
Código do texto: T3102851
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