A BATALHA DE EL-REY CONTRA AS FORÇAS DO DEMÔNIO
As palavras de El-Rey
caíram como gotas
de ferro derretido
em nossos ouvidos.
Logo teríamos
de lustrar as espadas
e as armaduras
para ir guerrear.
El-Rey queria guerra,
queria matar
o inimigo que há muito
atormentava seus pensamentos.
El-Rey chamou seus guerreiros
para tomarem o rumo norte
que os levaria para a morte,
a gloriosa morte
nos campos de além-rio.
As nossas mulheres gritaram
a agonia da perda iminente.
Abraçaram seus homens
e confessaram o medo
da impiedosa solidão.
Mas El-Rey, com voz de estentor,
espantou o medo de nossos corações.
Imbuído de santa loucura,
ergueu uma cruz de bronze
e disse que venceríamos demônios
e nossas mulheres e filhos
teriam parte em um novo mundo.
Alegres, os soldados se ergueram
e gritavam: vida longa a El-Rey!
O Poeta d'El-Rey mostrou sua lira
e, diante da multidão extática,
louvou a força
do braço de El-Rey,
a coragem no olhar de El-Rey,
a virilidade de El-Rey,
o amor absoluto de El-Rey.
E todos gritavam: longa vida a El-Rey!
Antes da partida, os guerreiros
correram para os braços
de suas amadas esposas,
namoradas,
amantes,
mulheres.
E a noite que antecedeu
a manhã da partida
foi coberta de gemidos de prazer,
de declarações de amor perpétuo,
de beijos sofridos.
E veio a manhã.
E os homens,
alguns sobre cavalos,
outros com os pés no chão,
deixaram seus lares
e seguiram
para onde iria
a loucura de El-Rey.
Após dez dias de caminhada,
ninguém ousava afirmar
que El-Rey não sabia
aonde ir.
Andavam, às vezes, de madrugada.
Em outros dias, a manhã era a teia
que cobria seus corpos na estrada.
Clamando a proteção dos santos,
El-Rey perguntava:
onde estão os campos
nos quais derramaremos
o sangue impuro dos incréus?
mas os soldados não temiam:
sabiam que logo El-Rey os levaria
aos lugares da glorificação.
Até que, um dia,
o sol nasceu amortalhado
de um cinza triste, invernal.
El-Rey não havia dormido
durante a madrugada,
parece que pressentia
que algo de ruim ocorreria.
Vestiu sua armadura,
armou-se com espada e maça,
deixou em alerta seus generais.
A sombra caiu sobre a paisagem
e um forte vendaval
surpreendeu os guerreiros
que ainda dormiam.
El-Rey deu seu grito de guerra
e, súbito, nos erguemos.
Todos lutamos
contra o inimigo invisível.
Vi companheiros mortos
entre os golpes de areia
e folhas secas de árvores.
Vi corpos mutilados,
sangue escorrendo
nas águas de um córrego.
Gritos cortavam a parede
de areia e folhas
erguidas pelo vendaval.
E, quanto mais soprava o vento,
mais difícil de enxergar ficava.
Ergui espada e escudo,
golpeei os invisíveis monstros
que me açoitavam.
E sentia o peso de minha espada
se abatendo sobre a carne impura
de meus perseguidores.
Mas, assim como se ergueu,
rapidamente caiu
a muralha de areia e folhas.
Os inimigos fugiram.
Teríamos vencido?
Havia centenas de irmãos
mortos pelo chão,
estraçalhados por golpes,
faces transidas de horror.
E vi El-Rey erguido
sobre uma rocha,
espada e fúria,
cercado de seus generais mortos.
E ele, El-Rey, nosso guia e senhor,
com enternecimento na voz,
sussurrou:
vencemos!
E todos erguemos um aleluia
em honra ao triunfo de El-Rey!
Depois, erigimos piras
e tornamos em cinzas
os corpos de nossos irmãos.
E El-Rey, eu vi e não esqueço,
El-Rey chorou!
Voltamos para a nossa pátria.
Os gritos das viúvas
se confundiam
com os gritos das mulheres
cujos maridos retornaram.
Júbilo e choro entremeados.
A noite do grande luto
foi a noite do grande prazer.
Deitado ao lado de minha amada,
fitei por alguns momentos
a espada,
com a qual sangrei os demônios.
E, por um segundo sem fim,
senti que não havia em mim
uma sombra pequena de triunfo.
Logo El-Rey teria outra visão
e chamaria, de novo, os guerreiros
para mais uma batalha
contra a escuridão.
As palavras de El-Rey
caíram como gotas
de ferro derretido
em nossos ouvidos.
Logo teríamos
de lustrar as espadas
e as armaduras
para ir guerrear.
El-Rey queria guerra,
queria matar
o inimigo que há muito
atormentava seus pensamentos.
El-Rey chamou seus guerreiros
para tomarem o rumo norte
que os levaria para a morte,
a gloriosa morte
nos campos de além-rio.
As nossas mulheres gritaram
a agonia da perda iminente.
Abraçaram seus homens
e confessaram o medo
da impiedosa solidão.
Mas El-Rey, com voz de estentor,
espantou o medo de nossos corações.
Imbuído de santa loucura,
ergueu uma cruz de bronze
e disse que venceríamos demônios
e nossas mulheres e filhos
teriam parte em um novo mundo.
Alegres, os soldados se ergueram
e gritavam: vida longa a El-Rey!
O Poeta d'El-Rey mostrou sua lira
e, diante da multidão extática,
louvou a força
do braço de El-Rey,
a coragem no olhar de El-Rey,
a virilidade de El-Rey,
o amor absoluto de El-Rey.
E todos gritavam: longa vida a El-Rey!
Antes da partida, os guerreiros
correram para os braços
de suas amadas esposas,
namoradas,
amantes,
mulheres.
E a noite que antecedeu
a manhã da partida
foi coberta de gemidos de prazer,
de declarações de amor perpétuo,
de beijos sofridos.
E veio a manhã.
E os homens,
alguns sobre cavalos,
outros com os pés no chão,
deixaram seus lares
e seguiram
para onde iria
a loucura de El-Rey.
Após dez dias de caminhada,
ninguém ousava afirmar
que El-Rey não sabia
aonde ir.
Andavam, às vezes, de madrugada.
Em outros dias, a manhã era a teia
que cobria seus corpos na estrada.
Clamando a proteção dos santos,
El-Rey perguntava:
onde estão os campos
nos quais derramaremos
o sangue impuro dos incréus?
mas os soldados não temiam:
sabiam que logo El-Rey os levaria
aos lugares da glorificação.
Até que, um dia,
o sol nasceu amortalhado
de um cinza triste, invernal.
El-Rey não havia dormido
durante a madrugada,
parece que pressentia
que algo de ruim ocorreria.
Vestiu sua armadura,
armou-se com espada e maça,
deixou em alerta seus generais.
A sombra caiu sobre a paisagem
e um forte vendaval
surpreendeu os guerreiros
que ainda dormiam.
El-Rey deu seu grito de guerra
e, súbito, nos erguemos.
Todos lutamos
contra o inimigo invisível.
Vi companheiros mortos
entre os golpes de areia
e folhas secas de árvores.
Vi corpos mutilados,
sangue escorrendo
nas águas de um córrego.
Gritos cortavam a parede
de areia e folhas
erguidas pelo vendaval.
E, quanto mais soprava o vento,
mais difícil de enxergar ficava.
Ergui espada e escudo,
golpeei os invisíveis monstros
que me açoitavam.
E sentia o peso de minha espada
se abatendo sobre a carne impura
de meus perseguidores.
Mas, assim como se ergueu,
rapidamente caiu
a muralha de areia e folhas.
Os inimigos fugiram.
Teríamos vencido?
Havia centenas de irmãos
mortos pelo chão,
estraçalhados por golpes,
faces transidas de horror.
E vi El-Rey erguido
sobre uma rocha,
espada e fúria,
cercado de seus generais mortos.
E ele, El-Rey, nosso guia e senhor,
com enternecimento na voz,
sussurrou:
vencemos!
E todos erguemos um aleluia
em honra ao triunfo de El-Rey!
Depois, erigimos piras
e tornamos em cinzas
os corpos de nossos irmãos.
E El-Rey, eu vi e não esqueço,
El-Rey chorou!
Voltamos para a nossa pátria.
Os gritos das viúvas
se confundiam
com os gritos das mulheres
cujos maridos retornaram.
Júbilo e choro entremeados.
A noite do grande luto
foi a noite do grande prazer.
Deitado ao lado de minha amada,
fitei por alguns momentos
a espada,
com a qual sangrei os demônios.
E, por um segundo sem fim,
senti que não havia em mim
uma sombra pequena de triunfo.
Logo El-Rey teria outra visão
e chamaria, de novo, os guerreiros
para mais uma batalha
contra a escuridão.