QUANDO NASCI
Quando nasci
De ouro me guarneceram quando nasci
Não esse metal adulador e fascinante
Que constrói palácios e abre covais
Mas o ouro do afecto cativante
Da candura da beleza da alma
Que acalenta sonhos e gera felicidade
Quando nasci milagre das mãos de Deus
Gritei à vida agradecendo com um sorrir
E soaram as celestiais baladas
Anunciando as fadas madrinhas
E a brisa que afluí das montanhas
Com cheiro a jasmim
nunca deixou de me arrebatar
Quando nasci
o rio corria bem perto de mim
banhando nas suas aguas fragrâncias de tamareiras
e deixava exalar esse perfume que ofereceria ao mar
nessa terra de mil tesouros dominada
por uma história sempre recordada
de cavaleiros e monges
de reis príncipes e navegadores
de gentes de muitos credos
e o castelo altaneiro dos mistérios indecifráveis
com memórias de recuados segredos
e havia sombras vaticinadoras
de espíritos vigilantes
mensageiros de outras vidas
e rumores próprios do fim da noite
com as brisas das madrugadas
Tangendo coros celestiais
os astros ainda brilhavam
Diríeis uma noite estrelada
Numa primavera deslumbrada
em que a natureza é pródiga
Anda de mãos dadas
com cintilações de luz
que trazem recordações de outras eras
tudo é eterno na natureza
que nos aveluda com a sua beleza
Apenas as sombras encobrem o que não é perene.
De tta