Romântico, nostálgico e esquisito

Sinto falta da folha do caderno

da caneta esferográfica Bic

do cheiro da tinta manchando as pontas dos dedos

da sensação estranha da página em branco

das palavras brotando no pensamento

canso-me às vezes do teclado com letras esmaecidas

do papel em branco sem vida

sem textura

da facilidade com a qual a tecnologia

corrompe a arte da escrita

já nasci um poeta velho

romântico

nostálgico

esquisito

infectado com o vírus da poesia

espero dela morrer um dia

e poder voltar pra casa

caminhando por uma estrada

feita de verbos, adjetivos, substantivos

margeados por rios de sílabas tônicas

onde tremas, acentos circunflexos, crases

voam em bandos para os quatro cantos do mundo

e todas as dimensões que possam existir nele

contextualizando tudo que fui

ao longo dessa vida breve:

um eterno aprendiz de escritor.

Erminio Rezende
Enviado por Erminio Rezende em 17/07/2011
Reeditado em 17/07/2011
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