Poema para um Amor - XII
Dissipam-se todas as palavras
Na sombra erma do poente.
Ao longe, um sentimento se demora.
No último murmúrio do entardecer
Os barcos do pensamento
Navegam nos braços do recordar.
Em dias como este escolhe-me a solidão
Em silêncio, aconchega-se em meu olhar
Selecionando o álbum que apraz
Ser folheado por meu coração.
Não há tristeza, dor ou lágrima,
Quando a fragrância da saudade
Embevece todos os meus sentidos
E tu te fazes companheiro
Da sozinhez dos meus versos.
Neste mundo invisível que me acolhe,
Não há portas e nem fronteiras,
Mas apenas os teus passos
É que poderiam percorrê-lo.
No mais íntimo de mim,
A nostalgia que tanto me espelha.
Em momentos assim,
O silêncio do teu nome
Pousado em minhas mãos
É quem melhor responde
As perguntas que nunca me fiz.
Hoje é a tua fotografia
Que revela o meu olhar...
© Fernanda Guimarães