PARA NÃO ESQUECER QUE TE ESQUECI

Procuro tuas mãos entre os refolhos

da saudade que me restou, branca,

o gume inox da lembrança arranca

do meu peito fragmentos vários.

A rua nem me causa mais espanto,

já nem me causa medo teu desejo,

ando muito só, eis que hoje vejo

tua boca assombrando meu caminho.

Entretanto páro sobre as vigas

deste sonho que se foi na espuma,

mais à frente avisto vasta bruma

do que me restou tua meiguice;

a nesga de luz que em mim se oculta

mais e mais tua lembrança avulta.

Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 04/07/2005
Reeditado em 16/01/2006
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