MANUSCRITA
peguei da caneta
pra te libertar
pra que teus sonhos
superassem as fronhas
e ficassem livres hoje
como no século trinta
nos obrigarão a ser
eu peguei da caneta
pra desenhar portas
e janelas abertas
pra te contar hoje
da liberdade inofensiva
que séculos a frente
nos forçarão a gozar
mas a caneta
a caneta é fraca
não conseguiu desenhar
nem um ponto de fuga
no canto do teu horizonte
não te inscreveu na voz
nem uma vogal de revolta
então peguei da caneta
pra tecer uma oração
pra que deus algum
existisse e tivesse a força
pra libertar a gente
mas a caneta
a caneta falhou
[XV11MMIX/XXXI07MMXIII]