Canto da morte

Antes eu era noite

Hoje sou dia e noite

Era menino

Mas já fui menina

Hoje sou menino e menina

Era fraco

Já fui forte

Agora, sou os dois

Fraco e forte

Já amei

Já odiei

Sou céu em anjo

Mas bicho de arcanjo

Sou pena e arte

No acordo tem saudade

Tenho a vida em meu encalço

Tenho morte e vontade

Tanto no sono

Quanto nos pés

Tenho na vida uma mulher

Que compõe o trato do mundo

O campo de trigo

A seda que veste

Que transcorre, que transmuta

Entrelaça no próprio mundo

Se torna ela

O céu varre o campo

As plantações

O pau, o doce

Varre inferno

Ameniza seu canto de fogo

Faz arte, balé de gente

Na poeira invencível da vida

Eu canto pra você

Minha amada

Esse canto de morte

E de vida, que

Depende dos seus olhos

E dos pés que te carrega...

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 13/07/2011
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