"Diga, mesmo mentindo, diga"
Diga, diga você mesmo, diga
Como seria o mar secar
O céu em puro breu se transformar
A poesia sumir
A oração não redimir
Diga, diga você mesmo, diga, se puder
Se coragem suficiente tiver
Que seria de meu verso sem o seu
De a inspiração para sempre dormir
Pelos cemitérios nos túmulos se lamentando
Aos ouvidos moucos dos falecidos sicrano e beltrano
Que seria da Poesia sem o seu dourado e ilusório vestido
Diga, eu suplico
Que faria do lirismo exposto
De doce e melancólico gosto
Das minhas mãos pendidas, abatidas
Diga se poderia acontecer
Como iriam o sol e a lua no firmamento aparecer
Crie alento e diga, se puder, se conseguir
Se disto se logra fugir
***
Equivale a um terno beijo a interação de ANDERSON NASCIMENTO:
Diga, diga você mesmo, diga
que a poesia não é mais a mesma
que minha inspiração secou
brotou de fora pra dentro
diga que não haverá mais sol
Diga, Diga você mesmo, se puder
Se coragem suficiente tiver
Que a minha vida transformou-se num eterno inverno
Diga, eu suplico
Que não mais te esquecerei
Pois com a mesma mão que ainda escrevo
Baterei na tua cara
Basta que me digas... o que um dia não tiveste coragem de dizer.